CORY BARLOG FALA SOBRE EVOLUÇÃO INTELECTUAL E MUDANÇAS DE KRATOS

Ao jogarmos God of War – o antigo, no caso –, podemos perceber o imenso apelo sexual dentro dos jogos, seja ele em cenas de sexo, na nudez de personagens ou em mini games onde Kratos têm as mulheres como apenas um objeto sexual.

Essa é, de fato, uma das maiores mudanças em relações ao novo God of War: a falta de apelo sexual – e isso pode ser explicado e entendido.

Toda a premissa do jogo é diferente se comparamos aos jogos antigos. Agora Kratos conta com a ajuda de seu filho, Atreus, para realizar o último desejo de sua mãe, e ambos personagens estão em luto juntos, o que torna a essencia do jogo ainda mais diferente e não apelativa para o contexto sexual. 

A criação de uma família: Kratos e seu filho, Atreus

Quando questionado sobre a relação familiar no jogo, em uma entrevista ao Polygon, o diretor do jogo Cory Barlog, disse que "o desenvolvimento da relação entre Kratos e Atreus se desenrolava há muitos anos, mas que somente agora está melhor. E que como estava descobrindo muitas coisas, ele [Cory] ainda tinha uma visão muito grosseira das coisas".

O diretor sabia que teriam cinco anos dedicados à criação do jogo e saberia que teriam um incrível megafone. O que fosse colocado no jogo seria de extrema importância no mundo fora dele. "Temos a chance de dizer algo com o que fazemos, não é? O que eu acho incrível, e eu acho que não tirei vantagem disso quando comecei a produzir os jogos antigos". 

Ele também menciona que "à medida que envelheço, consigo enxergar as coisas de um jeito que não enxergava antes e esta é uma lição que eu gostaria de passar para o meu filho: que os conceitos de força e vulnerabilidade emocional e a capacidade para se sentir livre para sentir qualquer emoção não são conceitos opostos. Por que é isso que nos torna humanos."

 

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O diretor acha que não há ninguém melhor que Kratos para passar essa lição, já que o personagem está emocionalmente quebrado, sendo reflexo de uma vida que foi muito traumática.

Força e vulnerabilidade emocional e a capacidade para se sentir livre para sentir qualquer emoção não são conceitos opostos. Por que é isso que nos torna humanos

Aos oito anos de idade, Kratos entrou para o treinamento militar mais terrível da história da humanidade. Espartanos foram transformados em máquinas de guerra, e passar por tudo isso durante anos, certamente o torna o que Kratos se tornou.

Um novo Kratos: resquícios de humanidade

Cory também diz que "há muito pouca humanidade em Kratos, mas eu não acredito que alguém esteja tão distante que não seja possível afastá-lo do abismo. Eu acho que têm sido uma chance fantástica e dramática de poder mostrar e levar isso à Kratos".

"Há essa ideia de que ele [Kratos] não sabe fazer esse tipo de coisa [ser pai] direito, mas Atreus não sabe nada diferente. O menino foi criado por sua mãe, e ela fez a maior parte do trabalho, enquanto Kratos estava a maior parte do tempo na floresta, tentando descobrir como obter o controle dos demônios de dentro dele, que nós, criadores, permitimos estarem fora o tempo todo. O que significa que nós somos responsáveis, em grande parte, pelo monstros que Kratos é e estamos assumindo a responsabilidade de ajudá-lo a equilibrar essas coisas".

Cory prossegue: "O fato é que ele não é muito bom nessa coisa de pai no começo. Que uma criança pequena, de 10 anos, pode ensinar algo a esse cara que viveu centenas de anos? Que subiu no ao trono do Panteão e foi responsável pela queda de muitas divindades? Ele, de fato, tem muito o que aprender". 

"Honestamente, se essa lição puder ser tirada disso tudo, se as pessoas olharem para isso tudo e puderem ver que há uma complexidade em um ser humano, e que também há maneiras de se comportar, e não apenas do jeito que foi feito antes", conclui o diretor.